27.2.12

Enquanto isso no supermercado...

Eu estava na seção de frutas tentando abrir um daqueles sacos plásticos que você puxa do rolo. Na verdade eu estava pelejando com o tal saco que não abria de jeito nenhum.

Foi aí que chegou uma senhora simpática e me disse: "Tenho uma dica para você.". Oba! Adoro dicas. "Para abrir esse saquinho basta molhar um pouquinho a ponta dos dedinhos.". Ok.

Procurei a pia, porque não ia lamber os dedos que já tinham passado por quase todas as seções do supermercado, mas estava looooonge. A tiazinha deve ter notado meu desanimo e disse: "Passa a mão no peru que resolve".

*crise de gargalhadas*

Antes que vocês achem que eu estava sendo assediada por uma travesti da terceira idade, o peru ao qual ela estava se referindo era esse:

congelado no carrinho


That's what she said.

Oscar 2012

Cheguei ao Oscar desse ano com 8 filmes, entre os 9 indicados, assistidos. Yeah! (Só fiquei devendo o Cavalo De Guerra do Spielberg).

O Billy Crystal voltou a ser o apresentador pela 9ª vez. A montagem inicial foi até engraçada (ainda mais quando o George Clooney deu um beijo na boca do Billy Crystal), mas a música que ele cantou foi uma das coisas mais chaaaaatas dos últimos anos na tv. Depois foi uma eternidade de depoimentos  e sketches de como ver filmes no cinema é melhor. Se tivesse fast forward eu teria apertado. Até fiquei com saudade do James Franco.

Teve uma apresentação do Cirque Du Soleil, mas isso só indicou que era hora de ir na cozinha.

A Separação ganhou melhor filme estrangeiro, mais do que merecido. Atriz coadjuvante foi para Octavia Spencer, uma das barbadas da noite, gostei mais dela do que da Viola Davis em The Help. The Girl With The Dragon Tattoo ganhou melhor montagem, que foi uma surpresa! Hugo levou vários prêmios técnicos: mixagem de som, edição sonora, fotografia, direção de arte e efeitos especiais. Rango, o camaleão cowboy levou melhor animação, numa categoria que não tinha nem Rio, nem Tin Tin. A música dos Muppets venceu sua única concorrente (a do Rio). Christopher Plummer levou sua estatueta de ator coadjuvante (categoria de vovôs, só com Jonah hill com menos de 50 anos). O Artista levou figurino, trilha sonora, diretor e ator (o Jean Dujardin).  Os Decendentes levou roteiro adaptado, infelizmente não foi o Clooney o melhor ator. A tia Meryl levou seu 3º Oscar pela Dama de Ferro. O Woody Allen, que nunca vai a festa, prefere tocar jazz num bar em NY (está certo ele), ganhou roteiro original por Meia Noite em Paris.

No fim, o melhor filme foi O Artista.

No red carpet eu gostei da Octavia Spencer, acho que ela acertou na cor, corte, cabelo, etc. E o George Clooney, claro, era o mais bonito. Ok, o Brad Pitt também estava lindo, só precisava lavar o cabelo. Para mais looks o Rosebud é o Trenó fez um ótimo post. E o Sacha Baron Cohen não deixou de polemizar (ou avacalhar) indo de Ditator, personagem de seu próximo filme, espalhando as cinzas do Kim Jong Il pelo tapete vermelho.

Mais uma vez o Jack Nicholson ficou em casa. Quando é que vão se dar conta que sem ele a coisa fica ainda mais chata?

20.2.12

A Invenção de Hugo Cabret

Martin Scorsese, além de amante, é um exímio conhecedor de cinema, e um excelente diretor, óbvio. E, como tal, é dele uma das mais bonitas homenagens ao próprio cinema e seus primeiros artistas e entusiastas.

Acho que a maioria das pessoas associa o Martin Scorsese aos filmes sobre mafiosos, ou violência, ou suspense e as vezes esquecem que sua filmografia é muita mais variada e que ele também é de uma delicadeza incrível.

O Hugo do título é um garotinho que vive nos corredores internos das engenhocas dos relógios da estação de trem de Paris. Ele foi parar lá porque seu pai morreu e seu tio o levou para ficar acertando a hora enquanto tomava um goles nas ruas. Antes de morrer o pai do Hugo tinha levado para casa um autômato, um robô analógico, quebrado, que ele tinha começado a consertar. O Hugo acha que se colocar o robô para funcionar vai ter uma mensagem do seu pai. Acontece que o robô precisa de uma chave especial.

Hugo conhece garotinha-louca-por-livros Isabelle, a netinha do dono da banca de brinquedos da estação, e os dois começam uma aventura. Isabelle apresenta Hugo aos livros e e ele apresenta Isabelle ao cinema.

Hugo é sobre a magia do cinema, desde o início, da necessidade de preservar os filmes e essa história. É uma belíssima homenagem aos irmãos Lumiere (especialmente o fato do filme ser feito em 3D, e deve ser visto assim, vai por mim) e a Georges Melies, o homem que levou a fantasia ao cinema.

É também,  através da Isabelle, um pouco sobre literatura. Adoro quando ela diz para o Hugo que é ok chorar porque o Heathcliff também chora. (Aposto que quando a Isabelle menciona David Copperfield, a maior parte das pessoas no cinema achou que era o ilusionista de Las Vegas. O que ele estaria fazendo na Paris do início do século 20 eu não sei. Charles Dickens people!)


Hugo é um filme para família. Tem crianças, é colorido, tem mágica, tem comédia, drama e emoção. Lindo.

A Tia Helo ia adorar esse filme, acho que ela ia ter uma quedinha pelo inspetor (feito pelo Borat), 35 "Ai, Jesus!" para a invenção do Hugo.

18.2.12

Momento TOC: Lá vem a chuva.

Para comemorar o início do inverno nordestino, aquela época do ano que chove muito, o dia inteiro, aqui vai um top 10 de músicas (em inglês) sobre a chuva.

1- Rain - Madonna - Gosto muito essa música e é um dos clipes mais chiques da Madonna (até que ela combina com o minimalismo japonês). A chuva da música é uma metáfora para o amor que ela espera que caia do céu e lave as tristezas, afaste a dor. "Rain, feel it in my finger tips, hear on the window pane, your love's coming down like rain...". Fez bonito, Madonna. 'Real rain is what the thunder brings' é a melhor frase da música.

2- No Rain - Blind Melon- Apesar de ser uma música sobre depressão, no meio ele fala que dorme o dia inteiro e reclama da falta de chuva (a chuva é sempre um bom motivo para ficar em casa), é uma música animada. Esquece a letra e vai andar na chuva estalando os dedos. "All I can say is that my life is pretty plain / I like watching the puddles gather rain".

3- Rain - Mika - Mais uma ótima música sobre fim de relacionamento, e coloca um ponto final no namoro. "More than this, baby I hate days like this / When it rain and rain and rain and rains..." Vamos detestar esses dias de chuva que não acabam mais dançando muito.

4- Have You Ever Seen The Rain - Creedence Clearwater Revival (original) OU Bonnie Tyler - A música foi feita por um dos membros do CCR para o seu irmão que estava deixando a banda. Para mim é uma música conversa-sobre-o-tempo ("Sun is cold and rain is hard"). Então da próxima vez no elevador é só começar a cantar para o seu vizinho: "I wanna know, have you ever seen the rain / Comin' down on a sunny day?"

5- Here Comes The Rain Again - Eurythmics - Uma música, eu dira, bipolar. Começa com a batida grave mais depressiva "Here comes the rain again / falling on my head like a memory" aí depois sobe e fica animada com  o "So baby talk to me / like lovers do", e volta para a batida grave. Para ver a chuva chegando pela janela.

6 - It's Raining Men - Weather Girls - Gente, chega de músicas deprimentes com a chuva, vamos animar essa coisa com esse clássico do anos 80. Se chuva de água deprime, uma de homens seria a solução. Ah, mãe natureza faz isso acontecer! "I'm gonna go out / I'm gonna let my self get absolutely soaking wet!". Deixa o guarda chuva em casa.

7- Singing In The Rain - Gene Kelly - Não podia faltar nessa lista né? Mais uma para animar um dia cinzento. Chuva também é motivo de alegria "Come on with the rain I've a smile on my face". Vamos pular em poças d'água! "Singin' and dancin' in the rain".

8- Raindrops Keep Fallin On My Head - BJ Thomas - Essa música foi composta por Burt Bacharach para o filme Butch Cassidy and The Sundance Kid (com Paul Newman e Robert Redford, assistam). É uma música cafona, #prontofalei, mas é tão otimista que não sai da sua cabeça. "Raindrops keep falling on my head / but that doesn't mean my eyes will soon be turning red / crying's not for me / 'Cause I'm never gonna stop the rain by complaining". Ganhou Oscar de melhor música. (Adoro a sequência da bicicleta! Todas querem ser Katharine Ross.)

9- November Rain - Guns n' Roses - Outra música sobre fim de relacionamento. A banda misturou as guitarras elétricas e bateria com uma orquestra sinfônica e resultou numa música de quase 9 minutos que você nem sente. É dramática, megalomaníaca, uma tempestade. "Nothing lasts forever / Even cold November rain". KD o cobertor?

10 - Rain - The Beatles - Claro que os rapazes de Liverpool iam ter uma música sobre a chuva, é o que mais acontece lá no norte da Inglaterra.  "I can show you when it starts to rain / Everything's the same". Rain, I don't mind. Nem eu.

17.2.12

+ Filmes

Moneyball (O Homem Que Mudou o Jogo)


Os 3 esportes mais populares nos EUA são: football (o americano, óbvio), baseball e basketball (assim, em inglês mesmo). Dos três eu gosto muito de basketball e de baseball, mas não me empolgo com o football (apesar de conhecer as regras). O que esses três esportes tem em comum, e é o que os americanos gostam muito, são as análises estátisticas dos jogadores, times, jogadas e qualquer coisa que possa ser colocada em porcentagem.

Dos 3 é justamente o baseball que mais se utiliza dessas estatíticas. Pode reparar que em todo jogo de baseball sempre aparece vários números na tela quando mostram um jogador, e baseados nesses números sabem qual a probabilidade do que pode acontecer.

Acontece que, como todo esporte, nem tudo pode ser calculado, ainda mais fatores que são independentes dos números como a vontade dos jogadores em ganhar aquele jogo naquele dia. O baseball é um jogo de troca-troca de jogadores entre os times, inclusive no meio das temporadas, assim como se fossem os famosos cartões de baseball (que sempre valem muito dinheiro nos filmes).

Ao contrário do football, que tem um sistema de distribuição de grana entre os times da NFL (a liga nacional) garantindo que todos os times tenham dinheiro para competir igualmente, no baseball é cada um por si. Esse vídeo o Bill Maher explica direitinho o sistema.

Então, Moneyball conta a história (real) de Billy Beane (Brad Pitt), um ex-jogador, que é gerente de um time que tem pouco dinheiro para gastar (e está perdendo seus principais jogadores para times mais ricos). Ele decide contratar um economista que analisa os jogadores baseados nos seus números, deixando de lado coisas que os olheiros tradicionais levam em conta (como idade, jeito de arremessar, etc). Billy e Pete (o economista) montam um time de jogadores considerados losers (mas tem n´¨meros satisfatórios), e sofrem com a cabeça dura do treinador e outras pessoas do time. A matemática é poderosa e o sistema de Billy e Pete se mostra eficiente.

Não vou contar mais, vale a pena assitir. Brad Pitt está muito bem como Billy Beane, e ele sabe preencher bem aquela tela enorme do cinema, e Jonah Hill surpreende como o economista Pete. Ambas indicações ao Oscar merecidas. O roteiro tem Steve Zalillian (que também escreveu The Girl With The Dragon Tattoo) e o genial Aaron Sorkin.

Eu gostei de Moneyball, acho que quem entende o esporte vai aproveitar um pouco mais, mas não precisa ser especialista. A Tia Helo diria 93 "Ai, Jesus!" para o homerun.

(Gente, e o ator que colocaram para fazer um Brad Pitt jovem? Coloquem ele em mais filmes, please!)


O Artista


Filme mudo em preto e branco, e é muito bom. É uma bela homenagem ao cinema. Do começo ao fim lembrei de Cantando na Chuva, All About Eve, Luzes da Ribalta e alguns outros. Tem cenas que surpreendem, como a do sonho (não vou contar) e a dança final (eita, contei), a fotografia é bonita (adorei a conversa nas escadas com pessoas passando) e a música muito boa. O próprio formato da projeção é antigo, um retângulo menor ao invés de ocupar a tela toda do cinema.

O Jean Dujardin (só eu acho esse nome muito engraçado?) é de um carisma incrível. Ele faz muitas caretas, mas o sorriso dele é contagiante. Berenice Bejo dá conta do recado. Agora, bom mesmo é o cachorrinho Uggie. Oscar para animais já!

A Tia Helo ia adorar esse filme, uns 14 "Ai, Jesus!" sem muito susto.



J. Edgar

O J. Edgar Hoover foi diretor do FBI por quase 50 anos (de 1924 a 1972). Aliás, foi ele que fundou o FBI (em 1935) que antes não era um orgão federal independente. E só deixou de ser diretor do FBI porque morreu, se não acho que estaria lá até hoje. A diretoria dele passou por 8 presidentes americanos. Isso sim é poder.

O filme mostra como ele inseriu a ciência forense na polícia federal americana, desde a análise e cadastramento de digitias até outras ciências aplicadas. J. Edgar inventou o CSI. Além disso, era conhecido que ele mantinha um arquivo secreto que nunca foi descoberto (ou só algums partes apareceram), que continha segredos dos presidentes e pessoas envolvidas no poder.

O filme mostra sua vida, desde a ascensão no FBI a relação com sua mãe, sua secretária super eficiente e o seu melhor amigo de todos os tempos Clyde Tolson. Mostra sua luta contra os mafiosos e gangsters, e dá uma certa importância ao sequestro do bebê do Lindbergh.

Dizem que ele era um cross-dresser, mas o filme só faz uma leve insinuação sobre o assunto que só faz sentido se você sabe dessa fofoca. De forma um pouco mais explicita é tratada a sexualidade de Hoover, e o conflito dele em relação ao assunto.

O Leo DiCaprio está muito bem no papel do J. Edgar Hoover, mas a sua atuação, as vezes, é um pouco cansativa. Já o Armie Hammer (lindo!) dá vida ao Clyde Tolson com uma deliciadeza incrível, merecia uma indicação ao Oscar (nem que fosse só para aparecer na festa).

A fotografia do filme é toda em tons de cinza, uma coisa bem FBI mesmo. Clint Eastwood é mestre.

Eu gostei. Já a Tia Helo iria se identificar um pouco com a paranóia do Hoover, e ia gostar do fato que ele era um mama's boy. Uns 125 "Ai, Jesus!" para o menino Edgar.

15.2.12

Analisando a música: Rolling In The Deep (Adele)

Rolling In The Deep é música vencedora de 35647483 Grammys em 2012, é do album 21 (que também levou um Grammy) da Adele. A inglesa foi um dos maiores sucessos do ano passado com sua voz macia e potente. O sucesso do album foi tanto que tem música até na novela. A Adele compôs o 21 (seu segundo album) depois de um fim de namoro, uma decepção amorosa, ou, como ela disse, a rubbish relationship. Traduzindo: é um album com músicas de fossa. Todo mundo sabe que fim de relacionamento rende excelentes músicas e as vezes albuns inteiros, como é o caso da Adele e do Fleetwood Mac com Rumours (mas isso é outro post).

21 tem um pouco de tudo: música lenta para cortar os pulsos, animadinhas e as dançantes. A belíssima Someone Like You (que, infelizmente, virou tema de Griselda e Rene, mas vamos esquecer isso) é uma das lentas, I'll Be Waiting faz a linha animadinha, Rumour Has It e Rolling In The Deep são para mexer o corpinho.

Rolling In The Deep é uma música para a fase raiva do fim de relacionamento. Aquela que se canta apontando dedos, soltando adrenalina, fazendo punhos cerrados, eu estou sofrendo, mas sai de perto senão você apanha.


There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch, it's bringing me out the dark
Finally I can see you crystal clear
Go 'head and sell me out and I'll lay your ship [shit] bare
See how I leave with every piece of you
Don't underestimate the things that I will do

Pelo jeito a fase da tristeza passou e ela já está esquentando, um fogo no coração, temperatura subindo (quase febril), a raiva chegando e a tirando do escuro. O tristeza cega, mas a raiva deixa tudo muito mais claro, límpido. "Vai cara, me trai que eu coloco as cartas na mesa." Opa! Cuidado que a coisa vai pegar! Ela diz que vai embora e vai levar cada pedacinho dele, ou seja, ela não vai deixar barato e ele ainda vai se arrepender. "Não subestime as coisas que eu vou fazer (ou que posso fazer)". Go Adele!

There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch
And it's bringing me out the dark

Olha o calor da raiva tirando ela do escuro outra vez

The scars of your love remind me of us
They keep me thinking that we almost had it all
The scars of your love, they leave me breathless
I can't help feeling
We could have it all
(You're gonna wish you never had met me)
Rolling in the deep
(Tears are gonna fall, rolling in the deep)
You had my heart inside your hand
(You're gonna wish you never had met me)
And you played it, to the beat
(Tears are gonna fall, rolling in the deep)

O refrão. É aqui que ela mostra o quanto ele a magoou. O amor dele deixou cicatrizes que a lembram que eles poderiam ter tido tudo, mas que a deixam sem ar. "Sinto que poderiamos ter tudo...Rolling in the deep". Rolando no fundo? Fundo de que? Onde? Toda vez eu imagino alguém dando cambalhotas na parte funda da piscina ou um caldo fenomenal no mar. Algumas pessoas acham que significa se afogar em lágrimas (deve ser por causa do "lágrimas vão cair, rolling in the deep". A própria Adele diz que a expressão vem de uma gíria que significa ter sempre alguém que te apoia, ampara, proteje, ou seja, eles poderiam ter tudo, inclusive esse apoio mútuo.

A melhor das frases sussuradas pelos backing vocals é: "Você vai desejar nunca ter me conhecido". 

E e completa: "Você teve meu coração nas mãos e brincou com ele (ou fez ele bater no seu ritmo)". Uma forma poética de dizer "você me sacaneou".

Baby, I have no story to be told
But I've heard one on you
And I'm gonna make your head burn
Think of me in the depths of your despair
Make a home down there
As mine sure won't be shared

"Baby, não tenho nada para esconder, mas escutei uma fofoca sobre você e vou fazer sua cabeça pegar fogo." Muito medo nesse momento. "Pensa em mim na profundidade do seu desepero, aproveita e fica por lá porque para minha casa você não volta." Isso, gente, é que é dar um ponto final num relacionamento. Aprendam com Miss Adele. Profundidade do seu desespero é demais!

The scars of your love remind me of us...
......
Could have had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside your hand
But you played it, with a beating

O refrão mais uma vez com uma pequena variação, aqui no filnalzinho ela troca o beat por beating, ou seja, brincou com o coração com uma pancada. Sacaneou para valer. Coisa séria.

Throw your soul through every open door
Count your blessings to find what you look for
Turn my sorrow into treasured gold
You'll pay me back in kind and reap just what you've sown

"Cara, vai, se joga no mundo, e vê se você acha outra igual a mim". E aí ela termina com um "Transforma minha tristeza em ouro, você vai me pagar na mesma moeda, você colhe o que planta". Traduzindo: cara, você vai sofrer muito e eu não estou nem aí. 

We could have had it all...
.....
But you played it
You played it
You played it
You played it to the beat.

Termina com o refrão, e mais uma vez ela lembra que ele brincou/jogou/sacaneou com ela. Ponto final.



A Adele decidiu tirar umas longas férias, merecidas. Vai curtir a vida Adele, e depois escreve um album inteiro sobre a experiência.

Enquanto isso vamos dar cambalhotas no fundo da piscina. Rolling In The Deep.





11.2.12

Book Report: Religião Para Ateus - Alain de Botton

O filósofo, e ateu, Alain de Botton resolveu escrever esse Religião para Ateus, não com a intenção de debater a existência ou não de um Deus, mas para mostrar a importância que certos aspectos das religiões são benéficos para uma vida em sociedade.

O livro é dividido em partes: comunidade, educação gentileza, pessimismo, arte, etc. Em cada assunto ele aplica algum aspecto religioso que faz com que a convivência dos seres humanos seja melhor. A idéia do livro é até boa, mas é cheio de obviedades com uma narrativa condescendente e chatinha.

Religiões, e seus rituais, são regras e leis que se utilizam da crença em um ser (ou seres) superior para organizar uma sociedade. Já pensou se Moises só tivesse chegado para o pessoal e dito: "olha gente, acho que ninguém deveria matar, nem roubar... O que vocês acham? Vamos fazer algumas leis e tal"? Será que teria funcionado? Então, para mim, em cada uma tem algo que se possa aproveitar, mesmo que não se creia em nada. É perfeitamente possível ser ateu e admirar a arquitetura de uma catedral, a estátua do David, os templos de Angkor Wat, o enorme Buda deitado, o Pantheon (que de masoleu romano virou igreja), e as ondas perfeitas de Uluwatu.

Umas das falhas do livro é falar mais do Cristianismo e do Judaísmo. O Budismo aparece em algumas páginas e nenhuma palavra sobre o Islamismo é dita. Isso dá uma visão muito ocidental de religião. Ficou superficial demais, faltou um pouco de pesquisa. #prontofalei

Na parte do pessimismo, ele fala que as pessoas acham que quando coisas ruins acontecem elas se sentem perseguidas, como se as adversidades só acontecessem com elas. O Muro da Lamentações, em Jerusalém,  é citado como um espaço onde as pessoas vão para manisfestar suas dores, implorar ajuda, expor suas aflições, e que, no fundo, são só várias pessoas sofrendo juntas, que a angústia não é exclusiva. Então para o Alain de Botton, já que ateus não tem um muro de lamentações onde mostrar ou comparar seu sofrimento, ele sugere (achando que teve a melhor idéia ever) que entre os cartazes e outdoors de propagandas nas ruas fossem colocadas versões eletrônicas das lamentações alheias. Assim ninguém ia se sentir só com seus problemas. Esse homem nunca ouviu falar do Post Secret?

A sensação que tive é que o Sr. de Botton quer ser um bom menino, uma Poliana atéia, algo como: "sou ateu, mas dou importância as religiões, não quero causar discórdia". (fazendo o sinal de paz e amor)

Acho o, sempre polêmico, Christopher Hitchens mais interessante. ("Cartas a um jovem contestador " é bom para começar)

2.2.12

Analisando a música: Basket Case (Green Day)

O Green Day é uma banda de pop punk (porque, vamos combinar, o punk rock ficou mesmo nos anos 1970 com os Ramones e Sex Pistols), que se formou no fim dos anos 1980, quando ainda eram adolescentes. No início dos anos 1990, com o boom das garage bands, do grunge, (Nirvana, Peral Jam, etc) o Green Day conseguiu se firmar e Basket Case (de 1994) é um single do terceiro album da banda.

Basket Case é um termo, uma gíria, em inglês que indica pessoa ou coisa que não funciona propriamente, ou seja, um caso perdido (mentalmente ou não), ou louco de pedra. A origem (segundo a internet) não é nem um pouco agradável, e até ofensiva, vem lá da primeira guerra mundial quando os soldados que perdiam as pernas e os braços eram carregados em cestas (baskets).

Tentando tirar essa imagem da cabeça, dizem que o Billy Joel (o vocalista da banda) escreveu essa música enquanto tentava lidar com sua ansiedade. Faz sentido. Então vamos analisar a música que é sobre a loucura, drogas, sexo (ou a falta de), num ritmo alucinante.


Do you have the time
To listen to me whine
About nothing and everything
All at once
I am one of those
Melodramatic fools
Neurotic to the bone
No doubt about it

A música já começa com uma guitarra num riff constante, num ritmo preciso, como se a mente estivesse sobrecarregada, funcionando a mil por hora. Guardem essa informação para uma estrofe futura.
Eu acho essa primeira frase ótima: "Você tem tempo de me escutar enquanto reclamo de nada e de tudo ao mesmo tempo". Quantas pessoas não são assim? Falam, falam, falam, e quem escuta tem que pescar as partes importantes. Ser psicologo/psiquiatra/amigo não é fácil.
Pelo menos ele é um idiota-neurótico-melodramático assumido. 

Sometimes I give myself the creeps
Sometimes my mind plays tricks on me
It all keeps adding up
I think I'm cracking up
Am I just paranoid?
Am I just stoned?

Claro que essa combinação neurótico-melodrámatico ia ser creepy, estranha, assustadora, né? Uma das piores coisas que pode acontecer a alguém é a própria mente ficar de sacanagem fazendo você acreditar em coisas fantasiosas, e, para o cara da música, essas coisas ficam fazendo sentido. Ele acha que está a beira da loucura e pergunta: "só estou paranóico ou apenas viajandão?" É uma pergunta retórica? (Cara, conselho amigo, larga essa drogas. As lícitas e as ilícitas também.) 

I went to a shrink
To analyze my dreams
She says it's lack of sex
That's bringing me down
I went to a whore
She said my life's a bore
So quit my whining cause
It's bringing her down

Aí ele vai num psiquiatra/psicólogo analisar os sonhos (eu também tenho uns sonhos bem bizarros). A analista diz que o mal dele é falta de sexo (Oh, really? Acho que muitos problemas podem ser resumidos a isso). E o que ele faz? Vai numa prostituta, óbvio. Acontece que a profissional do sexo diz: "Cara, seu problema é tédio. Para de reclamar que quem está ficando deprimida sou eu!". Ok, tenho que adicionar prostitutas aos que ficam escutando reclamações chatas.

Lembram do ritmo da guitarra no início da música? Pois é, além da mente que não para, acho que é indicativo do que ele faz para resolver o problema apontado pela analista. Se é que vocês me entendem.

Sometimes I give myself the creeps
Sometimes my mind plays tricks on me
It all keeps adding up
I think I'm cracking up
Am I just paranoid?
Uh, yuh, yuh, ya

Grasping to control
So I better hold on

E temos o refrão outra vez. Paranóico e doidão. 

O que importa é que ele está tentando manter o controle.

Então vamos correr, pedalar, pular, fazer muita bateria imaginária, porque soltar adrenalina sempre é bom! 

(Coloquei uma versão ao vivo, o youtube não deixou colocar aqui o video oficial - feito num sanatório, tem que ver lá)