1.6.13

Faroeste Caboclo

A Legião Urbana foi uma das bandas mais importantes para início do rock nacional. Gosto das músicas dos três primeiros albuns (já o Quatro Estações acho chato pacas). Vi o Legião Urbana ao vivo no começo, gosto da voz grave do Renato Russo, mas abandonei depois que viraram uma espécie de culto com fãs fervorosos.

Anyway, duvido alguém da minha geração (e a seguinte) não saber a letra de Faroeste Caboclo in-tei-ra, gostando ou não. A primeira vez que escutei essa música foi no lançamento do Que País é Este? quando um amigo chegou com o LP lá em casa e disse: vamos escutar essa música enorme. (Para quem nunca viu um LP, dava para saber a duração da música só olhando para o tamanho da faixa)

E escutamos os 9 minutos (!) da música para saber o que acontecia com o tal João de Santo Cristo.

Faroeste Caboclo foi composta pelo Renato Russo antes dele formar a banda. Com o sucesso do Dois (o segundo album), a gravadora queria outro album para já, mas eles não tinham muitas músicas novas prontas e foram fuçar no fundo do baú.

Assim que soube que iam fazer um filme da música fiquei curiosa para ver o resultado e gostei muito. O filme não segue a música a risca, mas tem todos os pontos importantes. É um filme pesado, com todos os problemas que o João de Santo Cristo enfrentou, e sabemos que essa essa história não termina bem. (Dificilmente darei algum spoiler)

Os primeiros acordes da música aparecem logo no início do filme e daí para frente nos momentos principais toca uma variação instrumental da mesma. A fotografia é muito boa, Brasília nos anos 1970/1980 era aquilo mesmo. E as referências aos filmes de western também estão todas lá.

Ao longo do filme, vendo as imagens, vem logo trechos da música na cabeça: "ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu"; "saindo da rodoviária viu as luzes de natal"; "era temido e destemido no Distrito Federal" e a minha preferida "e nisso o sol cegou seus olhos...". A única frase da música que é de fato usada no filme é "logo os malucos da cidade souberam da novidade" e um grita "tem bagulho bom aí!".

O primo Pablo, o peruano que vivia na Bolívia,  aparece numa versão tensa, mas é amigo. O Jeremias, traficante de renome, não está para brincadeira e faz o João ir para o inferno mais do que duas vezes. E a Maria Lucia, aquela menina falsa para quem ele jurou amor, é uma estudante de arquitetura filha de senador que adora fumar um baseado, anda um pouco entediada e se apaixona pelo João. Faroeste Caboclo também é uma história de amor.

Claro que a Winchester-22, a arma que o primo Pablo deu, faz sua aparição estelar e a última cena é fantástica.

Confesso que senti falta do sorveteiro no confronto final, mas a via crucis do João do filme não vira circo e achei justo o duelo intimista entre ele e o Jeremias com a participação especial da Maria Lucia.

Nas letrinhas no final Faroeste Caboclo toca na íntegra para quem nunca escutou a música (existe isso?) saber do que se trata e para quem esqueceu lembrar.

A Tia Helo ia ver esse filme com os olhos tapados, 719 "Ai, Jesus!" para Faroeste Caboclo, e o Jeremias do filme nem é crente.

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